Eduardo Gil da Silva Carreira

Governança pública: índices

Eduardo Gil da Silva Carreira
Advogado, membro voluntário da Rede Governança Brasil, pós-graduando em Governança Pública - Ebradi
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Os índices fazem parte da cultura da governança. São informações precisas que permitem uma tomada de decisão mais assertiva, mais qualificada fundamentada em dados. Dessa forma mitiga-se o "achismo", por simples instinto ou opiniões dos gestores públicos, com a correta interpretação dos elementos disponíveis.

A ilusão do conhecimento da situação posta gera a ineficiência dos processos gerenciais. Os índices, ou também nominados indicadores, podem ser a base de um programa de governo de grande sucesso, desde que o maior número de informações seja pertinente ao proposto e de fácil acesso para o alcance dos objetivos estratégicos da administração; dados de má qualidade comprometem os processos, ampliando a possibilidade do erro. Deve ser prezada a democratização dos dados, não ficando somente aos gestores da alta administração, viabilizando o administrador atuar de forma inovadora, disruptiva, prezando a curiosidade, a colaboração e o desejo de compartilhar e usar informações precisas para decisões importantes. Relevante que os agentes públicos envolvidos tenham curiosidade intelectual para instruir os diferentes colaboradores da gestão, os incentivando a contribuir e testar suas próprias ideias, bem como promover a meritocracia pela criação das hipóteses. Tal prodigioso atributo afasta a cultura do "sempre foi assim". Empoderados pelos dados, desde que saibam fazer uso, os gestores junto com os colaboradores podem validar ou invalidar a hipótese, transformando o poder da curiosidade em inovação. Logo, alcançar a decisão mais assertiva pelas informações extraídas da realidade, determinando o caminho a seguir com menor risco.

A mudança cultural em nível global, em razão da onipresença dos aparelhos celulares, permite rápidas respostas, é motivadora do ciclo da inovação, fruto do estimulo à experimentação, e fomenta novas formas de pensar que alteram o status quo. Destarte, o conjunto de base de dados assertivos propicia até mesmo pivotar _ termo hodierno para mudar a direção estratégica. O protagonismo dos índices também está na dispersão da névoa da ignorância _ no sentido de ignorar o fato, não ter conhecimento, tendo como consequências o alcance de vantagens competitivas e redução do tempo necessário para o sucesso. Os índices capturaram o valor possibilitando construir, mensurar e aprender, a partir da experimentação e inovação dos dados, que apoiam os argumentos válidos. Alcançando o ciclo da governança de avaliar, direcionar e monitorar, a fim de validar o aprendizado. Está em formulação o Índice de Governança Municipal (IGOVM), construído a partir de respostas das administrações municipais aos questionários desenvolvidos pela Rede Governança Brasil (RGB) e o Instituto Rui Barbosa (IRB) _ organização civil, fundada em 1973 pelos Tribunais de Contas do Brasil. Busca-se assim alcançar um indicador que mensure o grau de aderência da gestão municipal a determinados processos e controles, a fim de melhorar os resultados de suas políticas públicas, com mais acertada entrega de valor público.

As mudanças, embora complexas, rápidas e difíceis de prever, exigem consequentemente da administração pública mais dinâmica, que fundamentada na assertiva interpretação da métrica e operacionalização dos dados, promove uma melhor oferta de bens e serviços, elevando o valor público entregue. O futuro reserva um enorme campo para ser explorado e esse é o desafio dos gestores para não limitar o progresso e desenvolvimento.

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